EU, ETIQUETA


"Em minha calça está grudado um nome que não é meu de batismo ou de cartório,
Um nome... estranho. (...)
Meu blusão traz nome de bebida (...).
Em minha camiseta, marca de cigarro que eu nem fumo e nem nunca fumei (...)
Meu tênis é proclama colorido de alguma coisa não provada, por este provador (...)
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, meu cinto, minha escova e pente, meu corpo,
Minha xícara, minha toalha de banho e sabonete...
Meu isso, meu aquilo, desde a cabeça ao bico dos sapatos, são mensagens,
Letras falantes, gritos visuais, ordens de uso, abuso, costume, habito,
E fazem de mim homem-anúncio, itinerante, escravo da matéria anunciada. (...)
Eu sou costurado, sou tecido, (sou vendido).
Já não me convém o titulo de homem. Meu nome novo, é coisa.
Eu sou coisa".
©2007 '' Por Elke di Barros